Dia Mundial da Saúde 2012: Ministério da Saúde distinguiu Dr. Santos Pereira com Medalha de Mérito da Saúde, Grau Ouro, pelo trabalho na área da Luta contra o Cancro no Algarve
No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Saúde, assinalado no dia 7 de abril, foi distinguido o Dr. Santos Pereira com a Medalha de Mérito da Saúde, Grau Ouro, atribuída pelo Ministério da Saúde, por proposta do Conselho Diretivo da ARS Algarve IP, como reconhecimento do trabalho e empenho. A distinção foi entregue ao fundador da Associação Oncológica do Algarve (AOA), Dr. Santos Pereira, pelo Ministro da Saúde, Dr. Paulo Macedo, na cerimónia que decorreu a 9 de abril de 2012 no INFARMED no Parque da Saúde em Lisboa.
No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Saúde, assinalado no dia 7 de abril, foi distinguido o Dr. Santos Pereira com a Medalha de Mérito da Saúde, Grau Ouro, atribuída pelo Ministério da Saúde, por proposta do Conselho Diretivo da ARS Algarve IP, como reconhecimento do trabalho e empenho. A distinção foi entregue ao fundador da Associação Oncológica do Algarve (AOA), Dr. Santos Pereira, pelo Ministro da Saúde, Dr. Paulo Macedo, na cerimónia que decorreu a 9 de abril de 2012 no INFARMED no Parque da Saúde em Lisboa.
O Ministério da Saúde atribuiu a Medalha de Grau Ouro ao Dr. Santos Pereira como reconhecimento da importância do seu trabalho desenvolvido, ao longo da sua vida profissional, em prol do Serviço Nacional da Saúde, pelas suas excecionais qualidades humanas, altruísmo e ética, atestadas por aqueles com quem partilhou a sua vida profissional.
Dr. Santos Pereira – uma vida dedicada à luta contra o cancro no Algarve
Foi com «grande satisfação» e «alguma surpresa» que o Dr. Santos Pereira recebeu a notícia de que este ano era um dos homenageados pelo Ministério da Saúde com a Medalha Grau Ouro, atribuída no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Saúde 2012, como reconhecimento do trabalho desenvolvido em prol da luta contra o cancro na Região do Algarve.
«Receber esta medalha foi um motivo de prazer e de orgulho. É o reconhecimento por ter realizado uma actividade que foi socialmente válida. E ao mesmo tempo, uma novidade. Nunca na minha vida tinha pensado nisto, eu sou um indivíduo que está numa associação em voluntariado, pensei que passaria despercebido», confidencia o fundador da Associação Oncológica do Algarve que tem dedicado grande parte da sua vida à luta pela melhoria das condições de acesso à informação e prestação de cuidados de saúde dos doentes oncológicos da Região do Algarve.
Definindo-se como «um voluntarioso» e preocupado «em ajudar as pessoas», desde muito jovem que se dedicou ao voluntariado e às questões sociais. «Quando vim para Portugal para estudar em Coimbra, fui viver para Vila Nova de Anços, terra natal do meu pai, e aí em conjunto com um grupo de amigos criámos a «Seita da Caveira», que procurava ajudar as pessoas que passavam maiores dificuldades. Fui sempre ligado aos problemas sociais, nomeadamente, na Saúde e na Alimentação, deveríamos ser todos iguais na medida do possível», defende o Dr. Santos Pereira, garantindo que «a medicina também me ensinou que isto está certo, e como ainda vou tendo saúde, dá-me ganas de continuar nisto».
Licenciado em medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa, o gosto pela medicina começou ainda em Angola, no distrito do Huambo, onde nasceu em 1936, muito por influência do Dr. Parsons, um médico missionário, amigo da família. «Paixão» que foi amadurecendo, quando chegou a Coimbra para estudar no liceu, em que «comprava o Diário de Coimbra, para ler uma página suplementar, que por vezes publicava artigos sobre saúde e assim, fui cada vez mais ganhando gosto pela área», recorda o Dr. Santos Pereira, que inicialmente «pensava em seguir a vertente da investigação na área do cancro», porque custava-lhe «muito a ideia de que um individuo com cancro era igual a morte». No entanto, acabou por «tirar as especialidades de Cirurgia Geral e Medicina Tropical», mas sem nunca esquecer as questões ligadas à oncologia. Terminado o curso, regressou a Angola e em 1967 começa a sua carreira médica, onde «inicialmente pensava ficar», mas «o contexto da guerra colonial alterou um pouco os passos», e «após algumas tentativas sem sucesso», consegue voltar para Portugal, onde começa por fazer o serviço médico à periferia e o início do internato de especialidade de cirurgia no serviço de cirurgia no Hospital de Portalegre e em 1978 chega ao Algarve para continuar o internato de cirurgia no Hospital de Faro.
O início da carreira em terras algarvias não foi fácil. «Quando cheguei era para fazer o internato de cirurgia em 3 anos, mas, apesar da experiência que já trazia de Angola, acabei por ter de fazer 6 anos de internato, devido a algumas mudanças legislativas» e «também algumas injustiças», que «com o tempo acabei por esquecer», desabafa.
Depois desta fase inicial «meio atribulada», o Dr. Santos Pereira faz o seu percurso profissional ao longo de cerca de 30 anos ao serviço do Hospital de Faro acabando por aposentar-se em 2003. «Entrei numa equipa de cirurgia geral com o Dr. Cabeçadas e o Dr. Mário Silva, com quem aprendi bastante, fui fazendo o meu trabalho nesta equipa que foi evoluindo e acabei por chefiá-la», conta.
Ao longo da sua carreira no hospital, o interesse pela área de oncologia, nomeadamente, o cancro de mama, foi crescendo, à medida que ia tomando consciência que «havia casos de patologia mamária que eram desvalorizados», por um lado «por falta de informação dos doentes» e por outro «a dificuldade de acesso à prestação de cuidados nesta área». «Em 1990 tive acesso a uma estatística em que li que do total das cirurgias que tinham sido realizadas nos últimos seis anos só tinham sido operados 50 casos de cancro de mama no hospital. Foi então que decidi lutar para que fosse criada a consulta de senologia. Essa consulta foi implementada logo nesse ano e depois, em 1993, é criado o núcleo de senologia com a ginecologia e a oncologia médica», refere.
A criação do núcleo de senologia era uma «mais valia na detecção precoce do cancro», «mas para as pessoas irem a uma consulta desta patologia era preciso terem alguma informação», explica, acrescentando que «por isto era necessário informar as pessoas com essa patologia de que o Hospital de Faro tinha uma consulta para tratar a sua situação». Por outro lado, «era preciso sensibilizar as pessoas para que quando têm um nódulo na mama, uma ulceração ou um corrimento mamário devem vir ao médico para serem vistas», explica, referindo que «para fazer chegar esta mensagem aos destinatários», decidiu «criar uma associação e um grupo de voluntariado, para informar e apoiar o doente oncológico» e assim em 1994 nasce a Associação Oncológica do Algarve.
A associação apostou sempre na vertente da prevenção e da sensibilização, sempre com o intuito de promover a criação das condições necessárias para o doente oncológico ter acesso ao diagnóstico precoce e ao seu tratamento na Região.
«Começámos a fazer acções de informação nas Juntas de Freguesia, através de teatro, de festividades e eventos que aproveitávamos para falar sobre cancro, alertávamos para a importância do diagnóstico precoce, costumávamos dizer, que o diagnóstico precoce é como o código postal, é meio caminho andado para se resolverem os problemas», recorda o Dr. Santos Pereira, sublinhando a importância deste tipo de actividades «para que as pessoas pudessem ficar alertadas e, caso necessitassem, vir a usufruir da consulta de senologia do Hospital de Faro».
Entretanto a Associação Oncológica do Algarve com «o empenho e o entusiasmo dos voluntariosos» que a compõem, foi ganhando o seu espaço e reconhecimento a nível regional e, em 2005, com a aquisição de uma Unidade Móvel, implementa o programa de Rastreio do Cancro da Mama na Região, em parceria com a Administração Regional de Saúde do Algarve.
A Unidade Móvel percorre os 16 concelhos da Região, dando a oportunidade, de dois em dois anos, a todas as mulheres com idades compreendidas entre 50 e 69 anos residentes no Algarve de realizarem de forma gratuita uma mamografia, e assim, detectar cancros da mama em fases precoces de desenvolvimento de modo a atingir as taxas de sobrevivência mais elevadas possíveis e, simultaneamente, com tratamentos menos agressivos.
Neste momento, o Rastreio do Cancro da Mama no Algarve está a terminar a sua 3ª volta aos concelhos algarvios, tendo vindo, a registar sempre um aumento da taxa de adesão de ano para ano. «Os resultados são exemplares. O nosso Rastreio é considerado um dos melhores rastreios de base populacional a nível nacional», frisa o Dr. Santos Pereira, lembrando que em 2008 o mesmo foi galardoado com 1.º Prémio na categoria Parcerias em Saúde dos Prémios Hospital do Futuro.
Além do Rastreio do Cancro da Mama, e de vários projetos de apoio ao doente oncológico, a AOA «lutou desde o seu início pela criação de uma Unidade de Radioterapia na Região». «Achávamos que não fazia sentido as pessoas terem de se deslocar cerca de 300 Kms até Lisboa para fazerem tratamentos de radioterapia. Quando em termos europeus, os rácios justificavam a Radioterapia no Algarve e até mais do que um equipamento», refere o Dr. Santos Pereira, recordando as imensas dificuldades e obstáculos que tiveram de ultrapassar para conseguir a instalação da Unidade. Em 2006, com «o apoio fundamental de todas as câmaras municipais do Algarve» e o financiamento do programa Interreg de incentivos europeus inter-regiões (FEDER), é inaugurada a Unidade de Radioterapia do Algarve em Faro.
Actualmente, a AOA continua a apoiar os doentes oncológicos, a promover acções de sensibilização junto da população, eventos solidários, nomeadamente, a Mamamaratona, que anualmente junta milhares de pessoas em Portimão, com o objectivo de angariar fundos para a construção da «Casa Flor das Dunas», uma residência de apoio ao doente oncológico. Simultaneamente, «temos implementado alguns projectos, nomeadamente, o Projeto DAR, com o objectivo de perceber quais os efeitos e benefícios da arte no processo de tratamento a nível psicológico do doente oncológico. Outro projecto é o Concan, co-financiado pelo POCTEP, que envolve várias actividades, em que estamos estudar se existe alguma eventual relação entre o número de cancros mamários e o cancro uterino», destaca o Dr. Santos Pereira, mostrando-se bastante motivado e «com energia» para continuar em conjunto com a equipa de «voluntariosos» da AOA a ajudar os doentes oncológicos da Região a lutar e a vencer a doença.
consultar: sumula curricular Dr. Santos Pereira
