Equipa de apoio domiciliário em cuidados paliativos do ACES Sotavento garante conforto e assistência a doentes em fase terminal
«São umas santas». É assim que a C. descreve as profissionais de saúde da Equipa de apoio domiciliário dos Cuidados Paliativos do Centro de Saúde de Tavira (ACES Sotavento) que vêm a sua casa com a missão de aliviar a dor e o sofrimento do utente J., o seu pai, doente oncológico terminal com neoplasia prostática, óssea e abdominal.
E enquanto a enfermeira mede a tensão arterial do J., coloca o soro e administra a medicação, sempre a comunicar com o utente acamado e a reconfortá-lo, a médica explica aos familiares como devem proceder corretamente com o tratamento para o J. ficar o mais aconchegado possível na cama articulada, como deve ser feita a alimentação, ao mesmo tempo que prepara a família psicologicamente para o inevitável fim.
Fomos conhecer o dia-a-dia desta equipa cujo trabalho, como para todos os profissionais de saúde, exige uma entrega ao doente de corpo e alma e um grande sentido de humanismo.
«São umas santas». É assim que a C. descreve as profissionais de saúde da Equipa de apoio domiciliário dos Cuidados Paliativos do Centro de Saúde de Tavira (ACES Sotavento) que vêm a sua casa com a missão de aliviar a dor e o sofrimento do utente J., o seu pai, doente oncológico terminal com neoplasia prostática, óssea e abdominal.
E enquanto a enfermeira mede a tensão arterial do J., coloca o soro e administra a medicação, sempre a comunicar com o utente acamado e a reconfortá-lo, a médica explica aos familiares como devem proceder corretamente com o tratamento para o J. ficar o mais aconchegado possível na cama articulada, como deve ser feita a alimentação, ao mesmo tempo que prepara a família psicologicamente para o inevitável fim.
Fomos conhecer o dia-a-dia desta equipa cujo trabalho, como para todos os profissionais de saúde, exige uma entrega ao doente de corpo e alma e um grande sentido de humanismo.
Já lá vão cinco anos que a Equipa de apoio domiciliário dos Cuidados Paliativos do ACES Sotavento garante a assistência médica e de enfermagem no domicílio aos doentes terminais dos concelhos da área de cobertura do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Sotavento – Alcoutim, Castro Marim, Tavira e Vila Real de Santo António. O trabalho pioneiro foi iniciado em 2007, na altura abrangendo os concelhos de Faro, Olhão e Tavira, mas no âmbito da reestruturação dos cuidados de saúde primários e a criação dos ACES, as intervenções foram transferidas e alargadas aos restantes concelhos do Sotavento da Região do Algarve.
A equipa, que atualmente é composta por três médicos, três enfermeiras, um técnico de serviço social, uma psicóloga e uma administrativa, encontra-se disponível todos os dias do ano com uma capacidade para acompanhar até 15 utentes que necessitem de cuidados. Na Região existem 25 camas hospitalares de cuidados paliativos, concentradas no Hospital de Faro (10) e no Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio (15), sendo que a equipa tem os seus pacientes dispersados pela serra.
«É muito importante que haja referenciação o mais precocemente possível destes pacientes para o nosso tipo de cuidados de saúde, para evitar uma sobrecarga da equipa e facilitar a intervenção de forma que possa ser desenvolvida com calma e segundo as necessidades dos utentes e dos seus familiares», sublinha a enfermeira Graça Santos.
Na altura da visita, o octogenário J. encontra-se há duas semanas a ser assistido pela equipa, tendo sido referenciado para os cuidados paliativos numa fase muito avançada da doença e, segundo a filha, «demasiado tarde». «As dores eram tão fortes que ele tremia», conta C. sobre o estado do pai na primeira visita dos profissionais de saúde à casa. «Foi um alívio tão grande para ele, sobretudo para ele mas também para nós quando lhe administraram a medicação. Ele já não sabia o que não era ter dores. Há meses que não comia por causa das dores, só bebia, sopas e iogurtes. Ficou logo sereno e conseguiu relaxar. Foi como se tivesse entrado Deus».
A coordenadora da equipa, Dra. Fátima Teixeira, que também trabalha como médica de família no Centro de Saúde de Tavira, fala sobre a importância dos profissionais de saúde nestas equipas terem formação para lidar com a medicação muito forte administrada aos pacientes. «A competência científica para estes casos é essencial», diz. «Mas é igualmente importante as pessoas estarem abertas e dispostas para trabalhar, ter uma vocação natural para esta área, ter um imenso empenho pessoal e profissional e dar muito do seu lado humano».
Conta a C.: «De há quatro dias para cá piorou e começou com grandes aflições. Tem sido muito cansativo. Não consegue dizer onde dói. Está lúcido mas não consegue transmitir a lucidez. A equipa tem sido a nossa salvação. Apesar de ser um domingo a equipa veio cá, dando sempre um fantástico apoio. O meu pai não queria ir para o hospital e acho preferível ele estar em casa».
A C. e a mãe são as principais cuidadoras em casa do J., tendo algum apoio para tratar do seu ente querido também de outros membros da família e de uma equipa que vem ajudar fazer a higiene pessoal ao paciente e mudar de lençóis e de roupa. A equipa, que foi a primeira com a atual tipologia a nível nacional, tem a preciosa colaboração dos colegas da rede de Cuidados Continuados que fazem visitas domiciliárias. «São os nossos olhos», afirma Enfª Graça Santos, que realça a necessidade de um trabalho articulado entre os serviços em prol do doente oncológico.
Sendo o trabalho exigente também em termos emocionais para os profissionais de saúde, torna-se imprescindível formar equipas coesas, com grande disponibilidade, flexibilidade e sensibilidade. «É preciso conseguir obter uma relação muito boa entre nós a nível profissional mas também como pessoas», reforça Enfª Graça Santos. «Temos de ter uma grande partilha entre nós, também em termos de responsabilidades, uma constante interajuda. Falamos sobre todos os passos.»
«Às vezes basta trocar um olhar e já sabemos quem é que vai abordar o quê e com quem», acrescenta Dra. Fátima Teixeira. «Trabalhamos para diminuir o sofrimento físico mas também psicológico do agregado familiar. Temos de preparar as pessoas. Costumamos dizer que estamos aqui o tempo que for preciso e só vamos embora quando estiverem mais calmos.
Conclui a C.: «Nunca ninguém me informou sobre a existência da equipa, apesar de ter procurado ajuda para o meu pai várias vezes. É tão importante as pessoas serem informadas que este tipo de ajuda existe. Quem me dera ter sabido desta equipa mais cedo. Tenho muito a agradecer a elas. Tinha sido mais suave para o meu pai, um atenuar de dores muito diferente. Ele agora pelo menos não tem dores».
A ARS Algarve IP tenciona logo que possível ampliar a experiência da Equipa de apoio domiciliário dos Cuidados Paliativos do ACES Sotavento também aos ACES Central e do Barlavento.
O Dia Mundial dos Cuidados Paliativos é assinalado no dia 13 de outubro.
