Impacto da violência doméstica nas crianças debatida em tertúlia cinematográfica «Cenas das nossas vidas» promovida pela ARS Algarve IP
A Administração Regional de Saúde do Algarve IP, através do Grupo de Trabalho da Violência ao Longo do Ciclo da Vida, realizou no dia 7 de dezembro de 2012, no Anfiteatro da CCDR Algarve em Faro, uma Tertúlia Cinematográfica intitulada «Cenas das nossas vidas», com o filme «Dou-te os meus olhos» da realizadora Iciar Bollian, no âmbito das Jornadas Nacionais contra a Violência Doméstica, com o objetivo de alertar para o impacto da violência doméstica nas crianças.
A Administração Regional de Saúde do Algarve IP, através do Grupo de Trabalho da Violência ao Longo do Ciclo da Vida, realizou no dia 7 de dezembro de 2012, no Anfiteatro da CCDR Algarve em Faro, uma Tertúlia Cinematográfica intitulada «Cenas das nossas vidas», com o filme «Dou-te os meus olhos» da realizadora Iciar Bollian, no âmbito das Jornadas Nacionais contra a Violência Doméstica, com o objetivo de alertar para o impacto da violência doméstica nas crianças.
Durante a sessão de abertura, que antecedeu o visionamento do filme, a Dra. Marta Chaves da Silva, do Grupo de Trabalho da Violência ao Longo da Vida da ARS Algarve IP, lembrando que o objetivo das comemorações deste ano «é dar-nos um olhar diferente sobre o impacto da violência doméstica sobre as crianças», sublinhou que «só no ano passado houve oficialmente 27 casos de homicídios conjugais, este ano ainda não temos os dados finais mas já vamos em 39 casos. Dos casos do ano passado, cerca de 41,5% foram cometidos na presença de crianças». Portanto, na sua opinião, este é o momento para «todos reflectirmos qual é o impacto que a violência doméstica tem nessas crianças no presente e qual o impacto que terá no futuro».
No mesmo sentido, Dra. Natália Correia, Presidente do Conselho Clinico do ACES Central, falando, em representação do Conselho Diretivo da ARS Algarve IP, destacou a importância deste tipo de iniciativas para debater esta problemática, nomeadamente, entre os profissionais de saúde, reforçando que «é preciso questionar, desmistificar, abordar estas questões e fazer com que as mães, os pais e as famílias reflictam que não são só elas as vítimas. As vítimas são as crianças que estão, muitas vezes, em casa, que se apercebem, que assistem e que vêem».
«Nós, como profissionais, por vezes, temos medo de apresentar uma queixa. Quantas vezes temos na nossa presença utentes com evidência de violência doméstica, em que toda a gente sabe, mas o utente continua a negar. Até que ponto é que nós profissionais de saúde devemos apresentar as queixas. Os vizinhos, os outros familiares, porque é que tanta gente se cala. Isto são crimes públicos, por isso não podemos calar e só assim podemos minorar os efeitos futuros se atuarmos», alertou, acrescentando que a violência doméstica «é como uma outra doença qualquer. Só podemos tratar as doenças se as identificarmos e as corrigirmos, senão a doença torna-se crónica e pode causar grandes males inclusive a morte».
A sessão prosseguiu com o visionamento do filme de 2003, vencedor de 7 goyas, «Dou-te os meus olhos» da realizadora Iciar Bollaín, que explora o tema da violência doméstica através da história de uma mulher que foge de casa com o filho. Entretanto, o marido vai procurá-la e convence-a a voltar para casa. A mulher decide dar-lhe uma segunda oportunidade, e ele começa a frequentar sessões de terapia para controlar os acessos de fúria, mas a violência acaba por voltar. Durante o filme, sem mostrar directamente cenas de violência, consegue-se perceber «o medo e a ansiedade» da mulher perante «as crises de humor do marido», abordando não só o lado das vítimas, mas também do agressor.
Na parte final da sessão, a história do filme serviu de mote para um período de debate sobre esta problemática transversal a toda a sociedade, moderado pela Dra. Ivone Dias Ferreira, da ARS Algarve IP, contando com a participação da Dra. Isabel Nascimento, Procuradora da República no Tribunal Judicial de Loulé, da Dra. Ana Soares, representante do Cineclube de Faro e da Dra. Daniela Machado, psicóloga e coordenadora Grupo de Trabalho da Violência ao Longo do Ciclo da Vida da ARS Algarve IP.
Consultar microsite: Grupo de Trabalho da Violência ao Longo do Ciclo da Vida da ARS Algarve IP
