Saúde oral para indivíduos com necessidades especiais promovida em projeto da UCC Gentes de Loulé
São 139 jovens e adultos com necessidades especiais que, há cerca de ano e meio, recebem regularmente cuidados de saúde oral na Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Gentes de Loulé (ACES Central), graças a uma iniciativa pioneira na Região do Algarve. O objetivo é dar apoio a uma população vulnerável e socioeconomicamente desfavorecida, e que não é abrangida pelos programas de saúde oral existentes, contribuindo desta forma para um melhor estado de saúde da mesma.
São 139 jovens e adultos com necessidades especiais que, há cerca de ano e meio, recebem regularmente cuidados de saúde oral na Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Gentes de Loulé (ACES Central), graças a uma iniciativa pioneira na Região do Algarve. O objetivo é dar apoio a uma população vulnerável e socioeconomicamente desfavorecida, e que não é abrangida pelos programas de saúde oral existentes, contribuindo desta forma para um melhor estado de saúde da mesma.
Depois da experiência de trabalhar em Lisboa na área da saúde oral com utentes portadores de doença e deficiência mental, e de ter chegado à conclusão de que esta faixa da população está «totalmente esquecida e excluída» em termos de acesso a este tipo de cuidados de saúde, o higienista oral responsável pelas consultas de saúde oral na UCC Gentes de Loulé, Dr. Pedro Silva, desenvolveu paralelamente, em colaboração com a colega Dra. Sofia Martins, as consultas para crianças e adultos, um projeto na unidade funcional louletana com o grupo alvo dos utentes da Associação EXISTIR (Associação para a intervenção e Reabilitação para Populações Deficientes e Desfavorecidas), da Associação UNIR (Associação dos Doentes Mentais, Famílias e Amigos do Algarve) e da ASMAL (Associação Saúde Mental do Algarve), com o intuito de prevenir a perda de dentes naqueles utentes e consequentemente melhorar a qualidade de vida dos mesmos.
Atualmente o projeto abrange mais de uma centena de pessoas portadoras de Trissomia 21, paralisia cerebral, autismo, deficiência auditiva e visual e também pessoas portadoras de doença mental. Os profissionais de saúde vão ao encontro dos utentes nas instituições onde os diferentes grupos recebem informação acessível sobre a importância de escovar bem os dentes, sobre doenças orais e sobre a alimentação. Mas o projeto inclui também a vertente do tratamento, tendo sido feito logo de início um rastreio para saber quem deveria vir primeiro para resolver os seus problemas de higiene oral. As instituições transportam os seus utentes à UCC onde são realizadas as consultas.
«Um dos principais problemas que podem ter é com a medicação que tomam e que aumenta a severidade das doenças orais», explicou Dr. Pedro Silva, continuando: «São pessoas com limitações funcionais que não os permite lavar os dentes, ou não estão motivados, ou necessitam de acompanhamento, mas isso foi ultrapassado com a implementação da escovagem nas instituições. O problema é que não há escovas que cheguem.»
«A maior parte deles nunca fez uma consulta de higiene oral. E muitos deles nunca foram ao dentista», realçou. «Entram aqui com gengivite ou periodontite, mas ao longo do tratamento melhoram, e muito. Um dos critérios para virem cá é aceitarem colaborar. Na primeira consulta, não estão cá menos de uma hora porque ou têm medo ou têm muita sensibilidade é preciso trabalhar devagar, falar com eles, criar empatia, com calma. As seguintes consultas duram muito menos tempo.»
O desenvolvimento deste projeto em prol da saúde oral dos utentes com necessidades especiais teve «um grande impacto» para a ASMAL no que diz respeito à continuidade das competências pessoais dos utentes em termos de higiene. «Acaba por reforçar as ideias que temos de abordar aqui, diariamente», disse a Assistente Social da ASMAL, Dra. Susana Santos, continuando «e nota-se no sorriso deles, é diferente, aumenta a autoestima, sentem-se bem.»
Falando sobre a dificuldade de conseguir uma continuação de higiene oral em casa, apesar do esforço no âmbito da instituição, e dos problemas físicos que as doenças orais provocam, a Psicóloga da associação, Dra. Sílvia António, sublinha que o serviço e o acolhimento da UCC Gentes de Loulé serve para estes utentes darem «um primeiro passo para perderem o medo, para poderem ver resultados imediatos e sentir que há uma continuidade».
O projeto Saúde oral para indivíduos com necessidades especiais é um dos candidatos ao Prémio das Boas Práticas 2012 e idealiza replicar as suas experiências para outros Centros de Saúde da Região do Algarve no futuro.
