Telemedicina encurta distâncias e ajuda a melhorar acesso aos cuidados de saúde
Cerca de 3 mil utentes dos Centros de Saúde da Região do Algarve já foram atendidos através de consultas de teledermatologia, entre 2007 e 2012, realizadas entre os Centros de Saúde e o Serviço de Dermatologia do Hospital de Faro EPE. Além de permitir um rápido diagnóstico sem necessidade deslocação do doente ao hospital numa primeira consulta, o uso da telemedicina nesta área já possibilitou «salvar algumas vidas» com a deteção precoce de centenas de tumores malignos e que foram rapidamente tratados.
Cerca de 3 mil utentes dos Centros de Saúde da Região do Algarve já foram atendidos através de consultas de teledermatologia, entre 2007 e 2012, realizadas entre os Centros de Saúde e o Serviço de Dermatologia do Hospital de Faro EPE. Além de permitir um rápido diagnóstico sem necessidade deslocação do doente ao hospital numa primeira consulta, o uso da telemedicina nesta área já possibilitou «salvar algumas vidas» com a deteção precoce de centenas de tumores malignos e que foram rapidamente tratados.
Entre 2007 e 2011 realizaram-se a partir do Hospital de Faro para Centros de Saúde da Região, 2542 consultas de telemedicina na especialidade de Dermatologia, nomeadamente, a partir dos Centros de Saúde de Vila Real de Santo António (771), Olhão (736), Castro Marim (665), Loulé (163) e Faro (144).
Dr. Larguito Claro, dermatologista no Hospital de Faro, grande impulsionador e defensor da telemedicina, nomeadamente, na especialidade de Dermatologia, mostra-se satisfeito com os resultados alcançados até ao momento, mas considera que ainda é possível melhorar. «Eu acredito que a telemedicina tem ainda muito mais a dar à Região do que aquilo que já deu até agora», defende Dr. Larguito Claro, sublinhando que o recurso às novas tecnologias não só ajuda a melhorar a eficiência e promover a rapidez no acesso aos cuidados de saúde, como, simultaneamente, pode ser «um excelente mecanismo de formação contínua para os clínicos».
Os procedimentos para a realização de uma consulta de teledermatologia são simples. Os Centros de Saúde e os Hospitais da Região estão equipados com sistemas de videoconferência que permitem uma ligação em tempo real entre o dermatologista que se encontra no hospital e o médico de família e o utente nos Centros de Saúde.
«O doente chega ao Centro de Saúde é visto pelo seu médico de família. Se tem uma patologia de pele, e o médico tem dúvidas em saber qual o diagnóstico, tem dois caminhos, ou envia o pedido de consulta através do sistema Alert, indicando qual o grau de prioridade, ou envia a história muito resumida do doente por fax ou por mail aqui para o Serviço Dermatologia. Nós marcamos as consultas de acordo com a prioridade, e todas as segundas-feiras estabelecemos o contacto com os Centros de Saúde, através do sistema de videoconferência, onde os doentes são apresentados pelos médicos de família e entramos em diálogo para debater e avaliar o caso», explica Dr. Larguito Claro acrescentando que «se for um doente que possa esperar, com uma patologia mais simples espera. Se for um tumor, um melanoma, vem logo para o hospital para uma nova consulta ou para ser operado e no máximo 15 dias depois está tratado».
«Uma grande parte das consultas que nós fazemos em telemedicina, são diagnósticos de tumores que rapidamente são tratados, sendo os mais comuns o basalioma, mas também encontramos «espinos» e melanomas. Não há tumor nenhum diagnosticado em teledermatologia que esteja por operar. Dos 3 mil doentes já consultados cerca de 20 a 30 seriam melanomas, que se encontram já todos tratados», destaca Dr. Larguito Claro, lembrando que «se não existisse a teledermatologia provavelmente estariam em lista de espera ou poderiam mesmo não ter sobrevivido».
Na sua opinião, para que a telemedicina seja encarada como mais um mecanismo na melhoria da prática clínica, é preciso continuar a estimular e a sensibilizar os médicos de família para as potencialidades e mais-valias do uso das novas tecnologias de informação. «Os clínicos dos Centros de Saúde têm de perceber que a telemedicina hoje é necessária, aproxima as pessoas, encurta distâncias e é um meio mais que eles têm à sua disposição para resolver os problemas dos seus doentes. Eu acredito que, por vezes, o desconhecimento pode ser responsável pela pouca adesão de alguns, mas pela experiência que tenho quem entra e usa este meio, raramente sai e passa a utilizá-lo sempre que precisa», defende o dermatologista que vê na nova geração de médicos que agora inicia a sua carreira uma maior abertura para o uso das novas tecnologias e que poderão incentivar «os colegas mais velhos» a aderir à telemedicina.
«Os internos de medicina geral e familiar que têm vindo a fazer estágio aqui no hospital, no serviço de dermatologia e que assistem às consultas de telemedicina, geralmente ficam sensibilizados e «adeptos». São eles que quando chegam aos Centros de Saúde têm vindo a dinamizar este tipo de consultas», frisa, com satisfação e orgulho, Dr. Larguito Claro dando alguns exemplos de antigos internos que ainda hoje entram em contacto consigo, quer por mail quer por telefone, para esclarecer dúvidas que surgem no dia a dia.
A implementação da telemedicina foi iniciada em 2003 através de um projecto desenvolvido pela Administração Regional de Saúde do Algarve IP em articulação com os Serviços de Saúde da Andaluzia, no âmbito de um financiamento INTERREG, tendo como objectivo estratégico efectivar uma boa comunicação na área da telemedicina entre os 16 Centros de Saúde da Região, o Hospital de Faro, o Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio.
Além da possibilidade da realização de consultas por videoconferência, outra área implementada «com sucesso» na Região foi a teleradiologia cujos serviços de radiologia de todos os Centros de Saúde passaram a produzir imagem radiológica digital e simultaneamente partilhá-la com os hospitais da Região. Este sistema tem inúmeras vantagens em comparação com a técnica convencional, pois a qualidade de imagem radiológica é superior e existe a possibilidade de fazer uma pesquisa rápida do historial do doente. Por outro lado, diminui a necessidade de repetir exames, dado que uma mesma imagem pode ser trabalhada digitalmente, o que evita que o doente se tenha que submeter a radiações desnecessárias.
